Domingo, 9 de Dezembro de 2007

Amor e carne...

Tudo se resume à questao da matéria: orgânica e física; metafísica e espiritual. Pela vertente científica ou pela visão individual vista por cada um de seus prismas e interpretada pela vivência e experiências empíricas de cada um. Talvez se trate apenas do alcance do pensamento, nessa capacidade de ver para além das coisas e dos tempos, como algo que se transforma atraves dum percurso que tantas vezes nos transcende. Algo para além da lógica como um sentimento de insatisfação permanente. Como se não nos contentassemos a este aglumerado de células, conjunção de orgãos, aparelhos funcionais, irrigações internas, vida em estado bruto...e buscassemos compreensão atraves dum abstraccionismo que redunda sempre entre o absoluto e o relativo, numa fuga ao universo real. Encerrando-mo-nos por dentro, fazendo do impossível inexistente um objectivo cheio de subjectividade.
 
Quando não somos deuses, baseá-mo-nos num Deus comum maior capaz de abranger todas as nossas dúvidas e angústias, ânsias e necessidades. Há algo de sagrado e divino nesta compreensãode humanidade, onde, ao nos limitarmos à abertuda do conhecimento, criamos um abismo de intolerância e desumanidade.
 
Ao desejarmos ser naturais, estamos a ser anti-naturais, ao prever o inexistente, induzidos no engano de que uma crença ou vontade se superioriza à realidade dos actos, formas e factos. Essa falsa consciência, herdada de outras gerações, de que tudo podemos alterar dentro duma esfera do bem e do mal, carece de inúmeras bases e solidez racional numa tese plena de equívocos e más formações.
 
A profundidade do pensamento nunca se pode alienar do sentimento e intuição que lhe deu origem. Criamos nossos dogmas em conceitos de felicidade, ambição de poder, estados metafísicos em avançadas metamorfoses, onde o lado humano deixa de ter predominância. A nossa natureza é egoísta em todos seus sentidos, somos levados a isso numa necessidade de adaptação a um sistema em que perdemos cada vez mais a nossa autonomia, perdemos a nossa mais pura natureza, pelo medo indiciador duma loucura ou anormalidade em tememos a rejeição, sujeitando-nos a essa descaracterização, numa espécie de sacrifício interior, perdendo muito da nossa natureza de homosaphiens em favor dum novo "homotecnocrata". Sem se aperceber o homem inventou as suas proprias algemas que o impedem de viver seus sentimentos em plenitude, para para ser maquievélico e delimitado.
 
Preferimos a imagem que os outros vêm de nós do que assumirmos os sentidos que nos afloram o corpo. Fechamos os olhos em alma cegas e penitentes ou em espíritos abnegados.
 
Falar de amor tornou-se, mais do que uma necessidade, numa espécie de comércio do corpo, onde nos iludimos na irrealidade duma alma abençoada, numa obrigação moral inconsequente, desistindo dos sonhos que podem nos projectar a vida.
 
É, portanto, absolutamente necessária esta noção de que somos carne, somos instante, somos a reacção natural da nossa natureza capazes de caminhar, agir e pensar por nós mesmos. Só assim, descobrimos todas as acções e reacções, relações e amoções, dores e satisfaões que nos levam a um sentir a vida pleno e realizado. Tudo depende dessa libertação física e mental. Sem estereotipos que nos impeçam a exterioirização do ser se sentir.
                                                                             (continua)
 
                                         Manuel Neves
Índice:
publicado por A flor da pele às 21:44
link | comentar | favorito

"Aquele que possui o teu tempo, possui a tua mente.
Muda o teu tempo e mudarás a tua mente.
Muda a tua mente e mudarás o mundo."

(José Argüelles)

translações

Amanhecer (te)

Recauchutado

AMAduraR

Amor e carne...

Poeta sem classe

Isto!

Amar sem tempo...

Sem ti

Amar (te)

A folha branca

memorandum

Índice

poesia

todas as tags

blogs SAPO

subscrever feeds